quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Desmatamento revela novos Geoglifos no Amazonas

Geoglifos são marcas gigantes deixadas na Terra por gerações passadas e que só podem ser vistas de uma determinada altura, pois são muito grandes. Trata-se de escavações ou elevações em formas geométricas feitas em terrenos planos.

Leia abaixo a reportagem feita pelo EPTV sobre os recentes geoglifos encontrados na Amazônia, somente percebidos devido ao desmatamento. Mais adiante você encontra as coordenadas de GPS de algumas figuras para que você mesmo possa observá-las no Google Earth ou no Google Maps, uma entrevista da arqueóloga Denise Schaan, atual presidente da Sociedade Brasileira de Arqueologia, e, ao final, um vídeo produzido pelo jornal da Globo em reportagem sobre este tema.

Não vai demorar muito para que arqueólogos, ao invés de fazerem trabalho de campo, o realizem de casa, via computador. Pelo menos é o que acredita o cientista Alceu Ranzi, já que ele mesmo usou essa estratégia em suas recentes “descobertas”. Ao olhar imagens de satélite do Google Earth ele encontrou marcas gigantes, conhecidas como geoglifos, deixadas por povos ancestrais que viveram na Amazônia há pelo menos 700 anos. Os últimos desenhos foram avistados nas proximidades da cidade de Boca do Acre, no Amazonas.

Ao todo, são cinco conjuntos de formas geométricas, com círculos, quadrados e linhas, que chegam a medir mais de um quilômetro de um extremo ao outro. Ou seja, de tão grandes, os geoglifos só são perceptíveis do alto. “Não se vê no campo. Há uma diferença na cor da grama, mas é muito tênue. Se não houvesse imagens de satélite, não haveria a menor condição [de fazer a descoberta]”, conta o arqueólogo, que é pesquisador da Universidade Federal do Acre (UFAC).

Até agora, já são cerca de 300 geoglifos registrados no Acre e no Amazonas. Ranzi explica que já sabia da existência dos desenhos de Boca do Acre desde 2006, mas só queria divulgar a notícia por meio de uma revista científica. No início do mês, ele assinou com dois colegas um artigo na “Antiquity”, publicação especializada em arqueologia, em que descreve as cinco marcas encontradas naquela região.

Desde a década de 1970, quando cientistas perceberam a existência dos geoglifos brasileiros, essas formas geométricas intrigam arqueólogos. Até agora, não se sabe exatamente para que serviam, mas dão a pista de que ali, no meio da floresta, poderiam existir civilizações mais complexas e numerosas do que se imagina. Para desenhar geoglifos, eles tinham que ter conhecimentos de geometria e serem capazes de realizar grandes obras. Os sulcos são profundos e chegam a ter 12 metros de largura e 4 metros de profundidade. Entre as hipóteses sobre as funções dos geoglifos brasileiros estão a de que eles serviam como fortificações ou mesmo como um templo religioso.

Procure você mesmo no Google Earth

Usuários do Google Earth ou Maps Google podem apreciar alguns dos geoglifos do Acre, a partir das seguintes coordenadas: (10°12′13.32″S 67°10′18.09″W), (10°22′1.61″S 67°43′24.89″W), (10°18′24.51″S 67°13′12.50″W), (10°13′49.01″S 67° 7′26.71″W), (10°17′14.08″S 67° 4′32.97″W), (10°13′5.25″S 67° 9′28.94″W), (10°18′ 06.64″S 67° 41′41.55″W), (10°11′27.65″S 67°43′20.11″W).

Entrevista da arqueóloga Denise Schaan

Veja uma entrevista concedida pela arqueóloga Denise Schaan, atual presidente da Sociedade Brasileira de Arqueologia, ao Blog da Amazônia.

O que há de novo em relação aos geoglifos do Acre?
Temos 255 geoglifos e cada vez que a gente começa a explorar uma área diferente encontramos mais e mais. Eles não estão apenas nas áreas desmatadas, mas dentro da floresta também. É um trabalho que vai demandar muitos anos de estudos. Temos nos surpreendido com a complexidade de algumas estruturas que temos encontrado, com montículos e muretas lineares, que formam outros tipos de espaços, que levam para outros lugares. Não é apenas aquele geoglifo que nos induz a acredita que ali existiu uma aldeia, mas algo muito ampliado em termos de ocupação.

Você continua convencida de que os geoglifos questionam os estudos que concluem que a presença de populações primitivas na Amazônia era restrita às margens dos rios?
Sem dúvida. A gente tinha conhecimento da existência de valetas, de estruturas defensivas, no Alto Xingu. Nessas áreas de interflúvio para terra firme, que a gente achava que só havia povos nômades ou aldeias que estavam sempre mudando de lugar, temos visto indícios de estruturas mais permanentes cujo espaço foi ocupado por um grande número de pessoas por um longo período de tempo. Essa região do Acre merece um estudo especial porque está afastada do curso do Rio Amazonas, mais próxima dos Andes. Estamos num ambiente que está no caminho entre duas coisas. Povos andinos faziam trocas com povos da Amazônia. Esses geoglifos podem indicar um local de passagem que a gente ainda não conhece.

Esses povos poderiam ser aruaque?
A gente sabe, a partir de dados etno-históricos, que os aruaque se distribuíram, a partir das Antilhas, em toda a borda amazônica. Eles usavam essas aldeias mais ou menos circulares, grandes áreas de praças, com as casas em volta. Eles também têm o costume de fazer essas estruturas defensivas, tipo valetas, muretas e estradas. É muito provável que foram povos aruaque que habitaram os geoglifos.

Qual incógnita precisa se respondida em relação aos geoglifos?
O que acho mais intrigante até agora é o fato de termos encontrado indícios de moradia em alguns e em outros não. Parece que alguns foram construídos para utilização em um único evento. Que evento seria esse? Outra incógnita é saber qual era a vegetação nativa na época da construção dos geoglifos. Precisamos saber se era uma savana aberta ou se era uma floresta. Se era floresta, eles tiveram que destruí-la para construir essas estruturas. Temos encontrado cerâmicas e lâminas de machados de pedra. Os machados não são do Acre. Pedra é um material que existe em Rondônia, mas não no Acre. Podemos deduzir que são instrumentos de troca. Como se deslocavam de um local para outro tão longe? Certamente todos eles estavam em contato, do contrário não teria como se expandir toda essa mentalidade que está por trás dos geoglifos.

E a proteção desse patrimônio arqueológico?
Acho que deveria ser feita uma grande campanha para a proteção desses geoglifos. Não acho que se deva criminalizar a situação. A gente tem um evento de um geoglifo que visitamos em Acrelânida cuja maioria dele está dentro da mata. Quando o proprietário chegou naquela área, a floresta já estava desmatada, mas ele decidiu que não derrubaria  o resto porque compreende que é importante para estudos. Sei que não vamos conseguir preservar todos, mas é importante campanhas de sensibilização nesse sentido.

Reportagem do Jornal da Globo

4 comentários:

Anônimo disse...

Mah perae ... o Acre existe mesmo???

Corel na Veia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Corel na Veia disse...

Amazonia...isso mais parece o pampa gaúcho, não sobrou muita coisa da mata mesmo,seria melhor nem ter descoberto, literalmente a terra ou valas. Agora querem preservar...sei..como eles são bonzinhos né...Pobre das gerações futuras...

Anônimo disse...

Que isso? Esse povinho tá falando da preservação de que?
Desses buracos?
E a floresta? Onde fica? Vai derruba tudo pra acha valeta que algum povinho antigo e extinto fez?